quarta-feira, 11 de maio de 2011

O preço

O que dói? Saber que não dou o melhor de mim e às vezes eu quero o melhor deles, mas como esperar isso se eu não faço o meu melhor?  O problema é como ser melhor. Qual o preço disso. Quanto eu tenho que me doar pra me sentir completo e por cima o suficiente pra poder barganhar, pra poder pedir. Hoje fazer o necessário é pouco. E se tem coisa que odeio é me sentir só mais um. Fazer o necessário parece pedir favor, se sentir menos. Esquecem que na vida devemos ter de tudo um pouco e não muito de tudo como eu já disse antes. Pelo menos é o preço da minha escolha. Escolho ser diferente. Isso me entristece, pois as pessoas não são valorizadas pelas suas diferenças. Hoje não estou no topo, quem sabe amanhã. Mas em termos de merecimento eu digo que mereço o mesmo do que eles, afinal cresci tanto em um ano, abri mão de coisas para estar aqui e ninguém percebe. Só eu mesmo e isso parece não adiantar. O que fazer para ser reconhecido? Não me subjulgarei à vida escrava da vida. A liberdade tem seu preço.Voar! Para onde eu quiser....

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Amálgama

É disso que eu quero falar. Daquele universo onírico que é o sonho. Um mundo fundido de todos os que conhecemos e em constante mutação. Uma hora estamos aqui, outra ali. Estou falando com um amigo que já se transforma em outro. Meu cachorro personificado, os sentidos aguçados, um teto nos céus. O insólito. Eu quero falar dela, a amálgama dos sonhos, o que transforma e se muta e dá vida ao irreal.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Olho do Furacão

Foi uma viagem de bate-e-volta. Daquelas em que você resolve tudo em cima da hora e quando vê, já está sozinho num assento na janelinha próxima às mais belas nuvens, diferenciadas em camadas e colorações escondendo o verde lá de baixo, entrecortado por pequenas linhas reluzentes que jaziam caudalosos rios e agora, fios de cabelos dourados embelezando a vista que se encontra no infinito horizonte...
Ao descer, o tempo urgia ante tamanhas opções de entretenimento a bel prazer. fiz uma trilha rumo ao coração de uma mata aparentemente virgem e densa. Passando por umas pontes feitas de corda apodrecida, chegara à beira de um abismo descomunal. Tamanha vertigem fez-me voltar e só recuperar a coragem depois de alguns bons passos retrocedendo. Ao me ver sozinho enquanto pessoas mais velhas e mais novas que eu, teoricamente mais despreparadas, seguiam aquela trilha, deixei o medo de lado e voltei. Era lindo! Se o celestial existisse, seria ali o mais próximo que chegaria tamanha beleza. Podiam-se ver nuvens abaixo, o vento uivava forte e nas orelhas, um barulho de esmagar papel; as pernas bobas com a força empregada buscando apoio nas cordas e cipós que por ali estavam aos montes. Era uma imagem surreal quando via todas aquelas pessoas presas e emaranhadas pelas cordas, no ar flutuando ao contemplar a bela visão que dali fazia-se valer toda uma vida. Um verde pulsante pelas sombras que as nuvens empregavam e um rio de azul vivaz, ambos se perdiam na névoa que se formava longe, onde o horizonte se confundia com o céu e talvez o mar.
Algumas horas extasiado volto-me à um campo onde pessoas tomam sol e comem qualquer coisa para passar o tempo e desfrutar aquela natureza tão exuberante. Estico uma toalha. Não tenho fome. Apenas deito e percebo as mulheres se bronzeando com suas roupas de tomar sol diferenciadas e coloridas. De repente algo aperta o peito, desce para o estômago e gela ao mesmo tempo barriga e espinha. O sol tão lindo se põe rapidamente e o dia vira noite em um infinitésimo de segundo. Sussurros por toda parte, o pânico se instala, a sombra se vai, o sol volta a tocar os verdes campos porém ao fundo, vindo de onde era o abismo via-se um enorme e violento furação, formado em poucos segundos, todo marrom escuro e vorazmente faminto se alimentando de tudo em sua volta. Ele vem em nossa direção e todos corremos buscando algum abrigo. Parece inútil correr perante tamanha força da Natureza. O dia já virou noite novamente, portas e janelas batem na vila mais próxima, roupas voam desgovernadas, folhas e poeira dançam uma sinfonia aérea. Eu corro e alcanço um igreja que mais parece ter saída da Idade Média e antes de entrar eu viro de costas e percebo que o olho do furacão nada mais é que um homem de manto marrom rodopiando serenamentee intencionalmente almejando o meu ser. Ele se aproxima rapidamente enquanto eu fecho a pesada porta da igreja e tudo se escurece à minha volta então eu penso, que mundo é este em que estou preso? Fanntástico mundo meu? Em sonhos ou não, eu já estive lá. Eu sei que já....

domingo, 8 de agosto de 2010

Primeira memória

A memória mais recente é a tua. Mais recente, mais presente. Memórias de alguém que nunca existiu. Depósito de sonhos e anseios que se foi. Minha tela congestionada de vivas cores por ti vistas em tons cinzentos. Tantos eram os tons que passaria uma vida buscando em camadas a perfeição. Não posso mais ser teus olhos. Sobramos eu, as tintas e uma tela caída do quinto andar. Usada, quebrada e borrada. Ao fundo, uma parede desbotada marcada pelo tempo. É necessário respirar e lavar as mãos. Toques distorcidos de onde parei. Palavras vazias e a transparência das cores não mancham mais e então sigo as preces do esquecimento. Um dia, serão apenas lágrimas na chuva confundindo a razão da gênese de meu existir, meu elixir.
Que esta primeira fase não se confunda com a última, pois aqui está a sombra e a penumbra enquanto lá paciente espero a luz, que mesmo fraca nascendo do prenúncio da manhã te esconda aos poucos até que a forma se ache real e concreta, pois as sombras nos confundem, nos iludem e nos agonizam. Perturbações de um outro lugar.
É assim que pensamos e criamos nossas realidades. Junto às nossas próprias sombras. Difuso, difícil e confuso. Bem aventurado àquele que pensa à razão de sua luz divina, fusão das infinitas paralelas à uma única idéia, aquela a que veio a ser única e definitiva. Não deixe que tuas sombras tomem conta de você. Vasculhe fundo e ache a luz da sabedoria e da razão neste baú de retalhos que somos nós. No final será sábio aquele que escolher o chapéu ou a peneira ante a luz que cega e queima?

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Escolhendo o título

Como é difícil escolher do que se quer falar, quando se quer falar de tudo um pouco. A dualidade da vida já começa aqui. Um pouco de tudo ou tudo de nada ? Tudo é muito. É uma tarefa inalcançável, um horizonte que se curva ao infinito. Falarei de tudo sim; tudo que vier à alma e dela tornar-se devaneios em forma de palavras. Serão memórias. Uma tentativa de explicar esse mundo em que vivo, tão meu, mas que também poderia ser tão teu. Falar de mim é falar dos anseios presentes em cada um de nós. É ir em busca de significados e compreensão daquilo que definiram de "eu". O problema das definições é que uma vez definido o objeto de estudo ou do que se quer falar, não mais se contesta. Dá-se como dito e pronto. Estou aqui para ir contra ao certo, àquilo que pra mim é de fato diferente do dado como certo . Estou aqui para exprimir a alma de forma a registrar um pouco desse "eu". Não há lugar aqui para definições, pois não lido com o real ou com o imaginário. Lido com realidades que vez ou outra se conflitam, mas que no final, têm suas peculiaridades e relevâncias em construir aquilo que chamaram de vida. Sim, serão memórias de um mundo meu.