segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O Olho do Furacão

Foi uma viagem de bate-e-volta. Daquelas em que você resolve tudo em cima da hora e quando vê, já está sozinho num assento na janelinha próxima às mais belas nuvens, diferenciadas em camadas e colorações escondendo o verde lá de baixo, entrecortado por pequenas linhas reluzentes que jaziam caudalosos rios e agora, fios de cabelos dourados embelezando a vista que se encontra no infinito horizonte...
Ao descer, o tempo urgia ante tamanhas opções de entretenimento a bel prazer. fiz uma trilha rumo ao coração de uma mata aparentemente virgem e densa. Passando por umas pontes feitas de corda apodrecida, chegara à beira de um abismo descomunal. Tamanha vertigem fez-me voltar e só recuperar a coragem depois de alguns bons passos retrocedendo. Ao me ver sozinho enquanto pessoas mais velhas e mais novas que eu, teoricamente mais despreparadas, seguiam aquela trilha, deixei o medo de lado e voltei. Era lindo! Se o celestial existisse, seria ali o mais próximo que chegaria tamanha beleza. Podiam-se ver nuvens abaixo, o vento uivava forte e nas orelhas, um barulho de esmagar papel; as pernas bobas com a força empregada buscando apoio nas cordas e cipós que por ali estavam aos montes. Era uma imagem surreal quando via todas aquelas pessoas presas e emaranhadas pelas cordas, no ar flutuando ao contemplar a bela visão que dali fazia-se valer toda uma vida. Um verde pulsante pelas sombras que as nuvens empregavam e um rio de azul vivaz, ambos se perdiam na névoa que se formava longe, onde o horizonte se confundia com o céu e talvez o mar.
Algumas horas extasiado volto-me à um campo onde pessoas tomam sol e comem qualquer coisa para passar o tempo e desfrutar aquela natureza tão exuberante. Estico uma toalha. Não tenho fome. Apenas deito e percebo as mulheres se bronzeando com suas roupas de tomar sol diferenciadas e coloridas. De repente algo aperta o peito, desce para o estômago e gela ao mesmo tempo barriga e espinha. O sol tão lindo se põe rapidamente e o dia vira noite em um infinitésimo de segundo. Sussurros por toda parte, o pânico se instala, a sombra se vai, o sol volta a tocar os verdes campos porém ao fundo, vindo de onde era o abismo via-se um enorme e violento furação, formado em poucos segundos, todo marrom escuro e vorazmente faminto se alimentando de tudo em sua volta. Ele vem em nossa direção e todos corremos buscando algum abrigo. Parece inútil correr perante tamanha força da Natureza. O dia já virou noite novamente, portas e janelas batem na vila mais próxima, roupas voam desgovernadas, folhas e poeira dançam uma sinfonia aérea. Eu corro e alcanço um igreja que mais parece ter saída da Idade Média e antes de entrar eu viro de costas e percebo que o olho do furacão nada mais é que um homem de manto marrom rodopiando serenamentee intencionalmente almejando o meu ser. Ele se aproxima rapidamente enquanto eu fecho a pesada porta da igreja e tudo se escurece à minha volta então eu penso, que mundo é este em que estou preso? Fanntástico mundo meu? Em sonhos ou não, eu já estive lá. Eu sei que já....

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